Não se têm relatos sobre os esportes organizados para PNEEs antes do século XX. Pode até ser que alguns desses indivíduos PNEEs, que gostavam muito de esportes usassem a imaginação e começassem a praticar atividades físicas no intuito de serem utilizadas como esporte e com propósitos de terapia para o seu tratamento. (ADAMS et al., 1985).
Segundo os autores, depois da tragédia que foi a Segunda Guerra Mundial, os soldados que voltaram tinham algum tipo de incapacidade (amputados, paraplégicas etc) e foram considerados heróis em seus países, pois antes da guerra eram ditos como um estorvo para a sociedade e muitas vezes para a sua própria família. A partir dessa guerra os PNEE começaram a ser vistos com respeito e considerados membros normais da sociedade.
Após a guerra, o esporte foi visto como fator de integração para os PNEEs sendo introduzido em programas de reabilitação pelo Dr. Ludwing Guttmann no Centro de Reabilitação do Hospital de Stoke Mandeville, em 1944. Ele introduziu as atividades esportivas como parte essencial no tratamento médico para a recuperação das incapacidades geradas por lesões medulares, dizendo que este tratamento irá "auxiliar na restauração e manutenção da atividade mental e autoconfiança" (op.cit. p.39). Depois de estudar exaustivamente o gesto esportivo, Guttmann conseguiu fazer com que a prática de atividade física fosse adaptada ao processo de reabilitação, onde buscou novos caminhos para integrar os PNEEs à sociedade, fazendo com que suas capacidades fossem mais bem desenvolvidas através do esporte. Sarrias (1976) concordava com Dr. Guttmann e ressaltava que o esporte pode ser um agente fisioterapêutico atuando na eficácia e na reabilitação social e psicológica ao PNEE, não devendo ser considerada apenas como uma atividade recreativa.
Em 1948, Guttman introduziu na Europa o primeiro programa organizado de esportes em cadeira de rodas. Os jogos de Mandeville foram fundados para paraplégicos completos e incompletos, onde várias classificações foram feitas de acordo com o grau da deficiência. Hoje em dia estas classificações possuem um padrão para especialistas determinarem onde cada atleta será classificado. Os jogos trouxeram para os PNEE o desenvolvimento da sua autoconfiança, mostrando o benefício na parte psicológica e se tornando assim um grande sucesso.
A partir daí, ocorreram alguns fatos importantes que devem ser levados em consideração como nos expõe os autores Adams et al (1985):
1952 – primeiros jogos internacionais em Mandeville;
Final da década de 50 – inícios da participação da América do Sul nos esportes para PNEE, através da fisioterapeuta Srta. Monica Jones;
1956 – reconhecimento do Dr. Guttmann pelo Comitê Olímpico Internacional;
1957 – primeiros jogos internacionais nos Estados Unidos, organizados por Ben Lipton (diretor de uma escola pública para os PNEE nos EUA);
1958 – surge a National Wheelchair Athletic Association, estabelecendo regras e regulamentos para todos os esportes de cadeira de rodas nos Estados Unidos, com exceção do basquetebol por possuir sua própria associação nacional.
Com a evolução do esporte nos Estados Unidos, fizeram com que conseguissem participar de competições internacionais. O Sr. Lipton conseguiu financiamento junto à cooperação de interesses individuais, organizacionais e de equipes, inclusive dos próprios participantes. Como resultado direto desses esforços financeiros, o Sr. Lipton conseguiu organizar e fundar a Fundação Americana de Esportes em Cadeira de Rodas, onde suas propostas foram: 1) Estimular pessoas deficientes a usar cadeira de rodas e a participar de atividades esportivas, aumentando a participação em esportes e atividades recreativas nos EUA; 2) Estimular o crescimento das relações entre os Estados Unidos e outras nações e; 3- solicitar e angariar fundos para estes propósitos. (ADAMS et al, 1985, p. 40).
Essa fundação possibilitou, em 1960, a entrada dos Estados Unidos em competições internacionais e a aproximação dos jogos olímpicos. Imediatamente após as Olimpíadas de Roma, a cidade recebeu outros atletas internacionais: os atletas de cadeira de rodas de todo o mundo, que foram recebidos pelo Papa e que realizaram uma competição internacional atualmente denominada Paraolimpíadas (Olimpíadas para paraplégicos).
A cada quatro anos as Paraolimpíadas são realizadas na mesma cidade imediatamente após os Jogos Olímpicos. Desde as Paraolimpíadas de Roma, em 1960, até as de Tóquio, a Vila Olímpica sofreu e sofre várias modificações na sua estrutura para suprir as necessidades dos PNEEs.
Em 1967, ocorreu os primeiros Jogos Panamericanos para Paraplégicos, em Winnipeg, no Canadá, onde participaram: Estados Unidos, Canadá, Trinidad-Tobago, Jamaica, México e Argentina. Como resultado desses jogos foi formada uma Associação Canadense de Esporte em Cadeira de Rodas, mais ajudou no desenvolvimento dessa atividade nos Eua. Além disso, "um conselho panamericano (sic) foi organizado com a função de organizar uma competição a cada dois anos em países da América do Norte e do Sul, de modo a desenvolver a participação dos países do continente nos esporte de cadeira de rodas". (ADAMS et al, 1985, p. 39).
O esporte para os PNEEs possibilita a eles: benefícios da prática regular de atividade física, oportunidade de testar seus limites e potencialidades, prevenir doenças secundárias à sua deficiência e promove integração social. Para MONTANDON (1992) integrar, através do esporte, seria a quebra de determinadas barreiras; proporcionando-lhes autonomia, independência e autoconfiança, necessários para a sua vida em sociedade. Quando não há a prática de esportes, a maioria deles tende a se marginalizar, evitando-se expor. É corrente entre eles a idéia errônea de que a ginástica e o esporte lhes são nefastos ou perigosos, ou, no mínimo, que para eles está fora de cogitação a prática de exercícios físicos.
A escolha de uma modalidade esportiva depende de vários fatores, como: as oportunidades oferecidas aos PNEE; suas preferências esportivas; locais adequados; estímulo e respaldo familiar; profissionais capacitados; dentre outros. As modalidades esportivas para os PNEE baseiam-se na classificação funcional e atualmente há uma grande variedade de modalidades. Dentre elas se destacará nesta pesquisa o voleibol que tem como característica: ser praticado por atletas lesados medulares que participam da modalidade de voleibol sentado e os amputados, que participarão da modalidade em pé.
Os jogos, esportes e atividades físicas adaptadas às necessidades dos PNEEs surgiram ao fim da Segunda Guerra Mundial. Os veteranos tinham mais interesse por esportes, jogos e atividades físicas, em comparação a antes dos seus ferimentos. De acordo com Adams et al (1985), a história se inicia com o interesse pelos programas adaptados que estão crescendo cada vez mais. E de como a terapia junto com a alegria e a recreação, se tornam fundamentais no tratamento dos PNEEs.
No início as primeiras adaptações se deram devido às necessidades encontradas pelos PNEEs, através da imaginação dos mesmos. Com isso, os profissionais e os PNEE envolvidos nos programas de reabilitação, começaram a explorar possibilidades dos esportes, jogos e atividades em relação aos incapacitados.
A participação em esportes e jogos adaptados às suas possibilidades confere ao indivíduo a oportunidade de desenvolver o seu condicionamento físico, de se dedicar à atividade de lazer, de se tornar mais ativo, de aprender habilidades para poder se ocupar nas horas vagas e de colher experiências positivas no grupo e no ambiente social. (idem, p. 218).
Muitas pessoas se perguntam o que é para os PNEE participar destes jogos e esportes adaptados e muitos têm como resposta à satisfação de conseguir suprir as suas necessidades básicas, outros querem apenas atender suas necessidades terapêuticas através da sua reabilitação. Os esportes devem ser regulamentados de modo a atenderem às necessidades do grupo. As regras são modificadas no sentido de diminuir a velocidade do jogo, compensando a diminuição da mobilidade dos participantes. As adaptações ocorridas na estrutura do jogo tornam-se necessárias para livrar os jogadores das restrições impostas pelas regras normais.
De acordo com Adams et al (1985) para conseguir os resultados almejados, torna-se necessário criar uma situação dentro da qual seja possível analisar um jogo simples. Antes de proceder à adaptação, propriamente dita, de jogos e atividades, o orientador do programa é obrigado a analisar quatro fatores que se referem aos participantes em questão. São eles: as condições físicas; o meio de locomoção (marcha independente, cadeira de rodas etc); acuidade visual e; a capacidade de se comunicar e nível intelectual.
Para conseguir uma adaptação em algum jogo ou atividade para PNEE, deve-se levar em consideração alguns critérios, a saber: se a atividade proporcionará a integração em grupo; deve-se ou não utilizar "ajudantes" para a realização das atividades feitas pelos PNEE; utiliza-se ou não algum tipo de equipamento para auxiliá-los durante a atividade; a adequação de algum movimento utilizado especificamente naquele exercício; o estabelecimento de algumas regras adaptadas para melhor entendimento do esporte.
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A história dos esportes adaptados
Editado por Dani Souto
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04:06
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