Os esportistas exigem muito do seu físico e por isto devem ter maiores cuidados com sua saúde e a saúde bucal não pode ficar fora deste conjunto.
A Odontologia, ciência que promove a manutenção de todo sistema estomatognático, começa a desenvolver uma nova área do conhecimento com grandes chances de crescimento e expansão: a Odontologia Desportiva.
Recente, ainda pouco conhecida e divulgada a Odontologia Desportiva não é uma especialidade reconhecida pelo Conselho Federal de Odontologia e não é matéria oferecida na graduação, existindo apenas aulas e palestras extra-curriculares.
É uma área de atuação da Odontologia ligada à Educação Física que se propõe a oferecer aos atletas, profissionais ou não, cirurgiões dentistas com uma visão esportiva a fim de melhorar os seus rendimentos através da manutenção da saúde oral e prevenindo e/ou tratando possíveis lesões decorrentes das atividades esportivas.
Sua atuação se dá em clubes, academias, federações e confederações esportivas, trabalhando em conjunto com a medicina esportiva, fisioterapia, educação física, nutrição, fonoaudiologia, psicologia esportiva e outras áreas ligadas ao esporte.
Quem pratica esportes deve ter condições físicas adequadas para competir sem riscos ou diminuição do rendimento físico.
Entre outros objetivos da Odontologia Desportiva está garantir uma excelente saúde bucal ao desportista, detectando fatores prejudiciais a ele, como: respiração bucal, posicionamento dos dentes inadequados e administração de medicamentos com substâncias que possam causar doping positivo.
O rendimento de um atleta pode diminuir por vários motivos, entre outros, estão:
Má oclusão - o que gera problemas de mastigação, podendo prejudicar a absorção dos nutrientes, assim como pode provocar desequilíbrios musculares e problemas na articulação têmporo-mandibular. | |
Dor e desconforto - que são suficientes para prejudicar o desempenho e a concentração. Uma simples dor de dente pode fazer a diferença em um prova decisiva. | |
Foco infeccioso na boca - o que representa o comprometimento da saúde dos dentes (um canal aberto significa 17% de queda no condicionamento) e/ou no periodonto (gengiva e tecidos de sustentação) e de outros órgãos do corpo, espalhando-se através da corrente sanguínea, provocando risco para o coração, lesões nas articulações e dificuldade de recuperação em lesões musculares. | |
Respiração bucal - o que representa um atleta que pode ter um rendimento físico 21% menor se comparado com um que respira pelo nariz. | |
Hábitos viciosos (roer unhas, ranger dentes) - abrasão e desequilíbrio. |
Geralmente os atletas (profissionais ou amadores) são tratados de forma convencional, o que é um equívoco, porque o tratamento de um esportista, principalmente aquele que compete deve ser diferenciado de uma pessoa comum. Como exemplo: as restaurações devem ser analisadas e substituídas por material metálico ou resinoso segundo o impacto que determinado esporte pode ocasionar.
Atletas precisam deste tratamento diferenciado, com um profissional preparado, não somente durante o tratamento, mas na prevenção e tratamento de traumas. Além de ter o atendimento local e encaminhamento ao tratamento ambulatorial ou hospitalar quando necessário.
Estes profissionais buscam prevenir as fraturas dos ossos da face e dos dentes, bem como lesões de língua, lábios e bochechas e avulsões (arrancamentos).
Os traumas esportivos mais comuns são: fraturas de coroas em vários níveis, com ou sem comprometimento pulpar, lesões de tecidos moles e de tecidos de sustentação como concussão, subluxação extrusiva, luxação lateral, luxação intrusiva e avulsão.
Os traumas desportivos correspondem ao terceiro atendimento de traumas na face e chegam a ser um problema de saúde pública, pois podem levar a perda dental imediata (momento do acidente) ou mediata (no decorrer do tratamento ou anos após).
Esportes radicais (mountain bike, moto-cross, hockey inline, patins inline, skate, etc), artes marciais (judô, jiu-jitsu, katatê), lutas (greco-romana, sumô) e esportes de quadra (voleibol, handebol, futebol de salão, etc), são os que mais expõe os atletas a fraturas dentais. Nestes esportes o risco de sofrer contusões orofaciais durante a carreira variam de 33% a 56%, pois são esportes de contato e de grande competitividade.
Segundo a National Youth Sports Foundationm cerca de 5 milhões de dentes são perdidos por ano em atividades esportivas.
Segundo a ADA – American Dental Association, pelo menos 200 mil traumas são evitados devido as prevenção destes acidentes fazendo-se o uso de protetores bucais.
Os protetores funcionam como almofadas distribuindo as forças durante o golpe, prevenindo, assim, a laceração e equimose dos lábios e bochechas durante o impacto, protegendo as estruturas dentais e periodontais. Estes reduzem o número e a gravidade de danos as estruturas bucais causados por quedas e pancadas na região.
Segundo a Academia Americana de Odontologia Desportiva o uso deste aparelho diminui em até 80 % o risco de trauma dental. Cada desportista envolvido em um esporte de contato tem 10% de chance de desenvolver um acidente dental ou oral, sem o uso do protetor bucal personalizado e o risco de sofrer um ferimento nos dentes aumenta mais de 60 vezes. Sendo bem adaptado o protetor bucal não atrapalha a respiração do atleta, possibilitando uma fala fácil e a ingestão de líquidos sem que precise tirá-lo da boca.
Existem protetores bucais e placas de mordida que variam conforme o tipo de esporte. Eles são encontrados em lojas de materiais esportivos ou ainda melhores, podem ser confeccionados em consultório pelo cirurgião dentista de acordo com a necessidade de proteção do atleta.
Existem os seguintes tipos de protetores bucais:
Ferve e morde, que são de silicone-termoplásticos (ferve e coloca na boca, o que pode ocasionar queimaduras) e são vendidos em lojas de artigos esportivos (tamanho único ou hoje já existe P,M e G). Durante a prática do esporte o atleta tem que ficar com a boca fechada para não cair, há uma falsa sensação de segurança e como não se adapta perfeitamente à boca, pode causar ferimentos. | |
Personalizado, é uma placa de silicone, prensado sobre um modelo da arcada de gesso do atleta, bem mais sofisticado. Promove, mais conforto e maciez. Pode ser colorido ou transparente. Necessita de no mínimo duas consultas ao dentista: a primeira é para um exame clínico onde ocorre uma avaliação de suas condições bucais, tipo de mordida, se usa aparelho ortodôntico e outras informações, e para se fazer moldagem e escolher a cor. A segunda é para a colocação (instalação do protetor) e ajustes, se necessário. |
Os protetores bucais duram em média 01 ano, antes e após o uso devem ser lavados em água corrente e armazenados em estojos próprios.
Devem ser trocados nas crianças e adolescentes com certa regularidade (em período mais curto de tempo), devido ao crescimento ósseo ou sempre que o atleta apresentar mudanças significativas de peso.
É importante conscientizar o atleta que o uso do protetor bucal deve ser durante os treinamentos e competições e alertá-lo que haverá uma fase inicial onde seu rendimento poderá diminuir, mas que após a adaptação ele estará protegido e com seu desempenho normal.
Concluindo o trabalho do dentista na Odontologia Desportiva se faz no:
Diagnóstico em saúde oral (exame clínico, anamnese, exames complementares) na busca de focos de infecçoões bucais (dentárias ou periodontais - que podem vir a diminuir a resistência do atleta); desordens musculares; diagnóstico de lesões bucais; identificar maloclusões; hábitos viciosos; promover a melhoria estética e auto-estima; etc. | |
Atendimento emergencial, na busca de realizar intervenções imediatas a problemas de origem traumática. | |
Atendimento preventivo, na busca de prevenir acidentes, desordens ou problemas bucais; educação de técnicas adequadas de escovação; indicação de controle do consumo de alimentos cariogênicos; aplicação de fluorterapia e outros métodos preventivos e promover o estímulo para a realização do auto-exame na busca pela prevenção do câncer bucal. |
A Odontologia trabalha e evolui a cada dia para poder que oferecer o que há de melhor ao atleta e a todos que buscam a saúde e o bem estar com qualidade de vida. Espero que a esta área da Odontologia cresça na medida em que lhe é dada à devida importância.
Bibliografia:
- Odontologia Desportiva – Atendimento odontológico aos jogadores das seleções brasileiras de futebol – Araújo, C.S.; Comark, E.F.; em http://www.odontologia.com.br (09/12/2004).
- Odontologia Desportiva – Souza, E.R.; em http://www.acdssv.com.br/revista (09/12/2004).
- Odontologia Desportiva; em http://www.querosaude.net/noticias (09/12/2004).
- Ocorrência de traumatismo dental e nível de esclarecimento e uso do protetor bucal em diferentes grupos de esportistas – Ferrari, C.H.; Jr. Simi, J.; Medeiros, J. M. F. de; em http://www.odontologia.com.br (09/12/2004).
- Odontologia Desportiva – para ter um sorriso campeão; Tassitani, C.; em http://plasticaebeleza.terra.com.br/35/odontologia/desportiva.htm (09/12/2004).
- Odontologia Desportiva em ação; Seixas; L.; em http://www.odontologia.com.br/noticias (09/12/2004).
- Atletas que tratam os dentes têm maior desempenho esportivo; entrevista em http://www.abn.com.br/ (09/12/2004).
- Odontologia desportiva e o desempenho dos atletas; Moura, A.P.F.; em http://www.hospitalar.com/opiniao/ (09/12/2004).
Érika Sequeira erikaseq@telemedicina.fm.usp.br Cirurgiã-dentista. Especialista em Prótese Dental. Pós-graduada em Geriatria e Gerontologia. Coordenadora da Teleodontologia da Telemedicina da FMUSP |
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